As jeans. E o seu impacto para com a Natureza

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O impacto que as jeans têm para com a Natureza e sociedade

Existem vários estudos que, mesmo parecendo exagerados, infelizmente não o são. É acerca dessa informação que nos vamos debruçar neste artigo.

Segundo o estudo da Vicunha Têxtil, o consumo médio de água de um par de jeans durante o clico de vida é de 5.196 litros, sendo que a maior parte deste consumo está no processo de cultivo de algodão, que corresponde no consumo diário de 47 pessoas. E, que as lavagens domésticas ao longo de 5 anos, podem absorver até 460 litros de água.

Recentemente vi o documentário chamado RiverBlue “Can fashion save the planet? Through awareness, we evolve.” Posso dizer que, é um dos melhores documentários que vi em relação ao impacto, enquanto humanos, no setor têxtil e as consequências para com a Natureza.

Mark Angelo (Internacional River Conservation) logo no inicio do documentário, partilha “que 97% da água do planeta é agua salgada, 2% é água em forma de gelo, e apenas sobra 1% em água presente nos rios e lagos e sendo que muita dessa água não está  acessível, resumindo temos uma quantidade muito pequena de água potável para o nosso consumo, mas também para todas as indústrias, como a alimentar e têxtil”. Isto foram fatos que me deixaram a pensar.

Este documentário apresenta a forma egoísta e descuidada que, ao longo dos anos, nós enquanto sociedade, – não podemos culpabilizar apenas a industria têxtil –, porque na realidade, todos nós, enquanto consumidores, contribuímos para que o ciclo não termine. Isto acontece, em grande medida, porque continuamos a comprar peças lowcost, que significam higtcost para o ambiente e para a sociedade.

É explicado que os rios têm uma mistura tóxica de resíduos químicos das industrias dos couros (cortumes) e das jeans. Em países como a China, a India e o Bangladesh, as comunidades são obrigadas a utilizar a mesma fonte de água para consumo próprio e exploração industrial, resultando numa preocupante crise de saúde pública com alta incidência no aparecimento de cancros, problemas gástricos e problemas de pele. 

Xintang, uma cidade da China que possivelmente nunca ouviste falar, mas esta cidade é conhecida como a capital do mundo dos jeans. São fabricados em Xintang aproximadamente 300 milhões de pares de jeans todos os anos.

Qual é o verdadeiro problema associado no processo de fabricação das jeans?

As lavagens e os acabamentos, como por exemplo, o processo chamado de stone waching, para conseguir o aspeto vintage, gastas e com vincos, e até mesmo rasgadas, são utilizados produtos químicos muito agressivos. Num estudo Greenpeace, foram encontrados mercúrio, cromo, cádmio, cobre e chumbo, entre outros. E convés realçar que, estes químicos não ficam “apenas” no rio de Xintang, estas partículas não desaparecem, mas percorrem o seu caminho até aos oceanos e pela atmosfera.

Francois Girbaud, foi considerado um dos designers que nos anos 80, deu também voz a este documentário, e menciona, viver angustiado, e que na altura, não sabiam o resultado que o stone washing iria ter para a Natureza. Menciona mesmo “40 yrs. before we realised what we made and what we did was wrong…If people knew that the spraying of permanganate on your jeans to give you that acid-wash look was killing the guy doing the spraying, would you still want that look? I don’t think the customer is aware of what is happening abroad. We have to change the process of making jeans and brands have to be willing to invest because we are destroying the planet.”

No entanto já existem processos para evitar esta fabricação destrutiva. Como a empresa espanhola Jeanologia “onde desgastam os jeans gravando imagens nos tecidos com lasers (luz e ar) e eliminando a água sem aumentar o custo”, diz David McIlvride, diretor da RiverBlue. Segundo Alex Penades, (Jeanologia Brand Director North America), apesar das grandes marcas terem demorado um pouco para darem o passo para esta grande mudança, as marcas importantes como Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Zara, Mark and Spencer e Levi Strauss já trabalham em parceria com a Jeanologia, adotando estes processos.

Como podemos ajudar?

Após estes dados, é o momento de pararmos para pensar um pouco sobre as nossas escolhas, enquanto consumidores. Talvez esteja na altura de questionar: Será que necessito mesmo de um novo par de jeans? Qual é o verdadeiro motivo que me leva a comprar? Será por tendência de moda? Ou é uma necessidade verdadeira? O centro da questão, possivelmente estará em procurarmos mais informação em relação à origem dos produtos, e quais as medidas que as marcas escolhidas, por nós, optam por fazer.

Este artigo, não tem como intenção de insinuar que não possamos utilizar nosso par de jeans preferido, mas sim de consciencializar. Eu própria, adoro peças que sejam feitas de denim, apenas podemos estar mais conscientes das nossas escolhas, e o que elas significam no futuro.

Se originalmente o denim foi criado para vestuário de trabalho, caracterizado como resistente e durável, obrigatoriamente, terá uma de longa duração, e como a moda é cíclica, e para aqueles que são mais atentos às tendências de moda, possivelmente já têm vários modelos dentro no vosso closet. Enquanto consumidores, podemos preservar melhor e, por um período mais longo de tempo, este par de vestuário de que tanto gostamos. Existem alguns estudos que dizem que o denim necessita  de poucas lavagens, ou seja, só realmente necessário lavá-las se estiverem verdadeiramente sujas.

Devemos seguir cuidadosamente os cuidados de lavagem que estão presentes na etiqueta de composição.

Em suma devemos criar hábitos de consumo responsáveis, como o de pesquisar antes de comparar por impulso. Se leste este artigo até agora, acredito que tenhas ficado sensibilizado com o impacto ambiental que as calças de ganga podem causar. Existem já muitas marcas que são transparentes nos seus processos de fabricação. Uma das marcas que trabalham dentro desta área são a Levi’s a Reformation.

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